A dor persistente em uma articulação, a dificuldade para realizar movimentos simples do dia a dia, a rigidez ao acordar ou após um período de atividade — esses sintomas são mais comuns do que se imagina e, muitas vezes, têm um mesmo diagnóstico: tendinite. Esta condição afeta milhões de pessoas em todo o mundo e tem se tornado cada vez mais frequente devido aos hábitos modernos, especialmente o uso excessivo de computadores, celulares e práticas esportivas sem orientação adequada.
Este artigo tem como objetivo esclarecer, de forma clara e acessível, o que é a tendinite, quais são suas causas, como ela se manifesta, de que maneira pode ser tratada e, acima de tudo, como é possível preveni-la com ações simples e eficazes.
1.O que é Tendinite?
A tendinite é uma inflamação ou irritação de um tendão — estrutura fibrosa que conecta os músculos aos ossos. Os tendões atuam como estruturas que conectam os músculos aos ossos, possibilitando que a força muscular se transforme em movimento nas articulações. Quando sobrecarregados, esses tecidos podem inflamar, gerando dor e comprometendo a função motora.
É importante diferenciar tendinite de outras condições similares, como a tenossinovite (inflamação da bainha que envolve o tendão) e a tendinose (degeneração crônica do tendão sem processo inflamatório evidente).
2. Causas da Tendinite

A tendinite pode surgir por diversos motivos, sendo os principais:
- Movimentos repetitivos: Atividades que envolvem a repetição constante de certos gestos, como digitar, carregar peso, costurar ou tocar instrumentos, sobrecarregam tendões específicos.
- Sobrecarga física: Esforços intensos, acima da capacidade habitual, especialmente em atividades esportivas ou durante tarefas domésticas, podem desencadear microlesões no tendão.
- Postura inadequada: Má postura ao sentar, levantar peso ou realizar movimentos pode gerar esforço indevido sobre os tendões.
- Processo natural de envelhecimento: Com o tempo, os tendões perdem elasticidade e resistência, tornando-se mais suscetíveis a inflamações.
- Doenças associadas: Condições como artrite reumatoide, diabetes e disfunções hormonais também podem aumentar a propensão ao desenvolvimento de tendinites.
3. Principais Tipos de Tendinite
A tendinite pode se manifestar em diversas regiões do corpo. A seguir, os tipos mais comuns:
- Tendinite do ombro: Afeta frequentemente o manguito rotador, conjunto de músculos e tendões responsáveis pela estabilidade e movimentação do ombro.
- Tendinite do cotovelo: Pode ser lateral (epicondilite lateral, conhecida como “cotovelo de tenista”) ou medial (epicondilite medial, o “cotovelo de golfista”).
- Tendinite do punho e da mão: Frequentemente associada ao uso prolongado de computadores ou smartphones.
- Tendinite de Aquiles: Afeta o tendão na região posterior do tornozelo, sendo frequentemente observada em corredores e praticantes de esportes de alto impacto.
- Tendinite patelar: Também chamada de “joelho do saltador”, é comum em esportes como vôlei e basquete, devido aos movimentos constantes de salto.
4. Sintomas mais comuns

Os sinais que indicam a presença de uma tendinite incluem:
- Dor localizada, que pode surgir durante a atividade ou persistir em repouso
- Rigidez articular, especialmente pela manhã ou após períodos de inatividade
- Inchaço e sensibilidade ao toque
- Vermelhidão ou calor local
- Diminuição da força ou da amplitude de movimento da articulação afetada
5. Diagnóstico
O diagnóstico da tendinite é feito principalmente por meio da avaliação clínica, considerando o histórico do paciente e o exame físico. O médico pode recomendar exames de imagem, como:
- Ultrassonografia: Permite avaliar inflamações e rupturas nos tendões.
- Ressonância magnética: Indicado para casos mais complexos, oferece uma visão detalhada das estruturas envolvidas.
- Radiografias: Podem ser úteis para descartar outras patologias ósseas.
6. Tratamentos para Tendinite
O tratamento da tendinite deve ser conduzido de forma personalizada, considerando o tipo da lesão, o tempo de evolução dos sintomas e o impacto funcional na vida do paciente. A seguir, estão descritas as abordagens mais eficazes, utilizadas isoladamente ou de forma combinada, com o objetivo de aliviar a dor, controlar a inflamação e restaurar a funcionalidade do tendão afetado.
6.1. Repouso e Modificação das Atividades
A primeira medida no tratamento da tendinite é diminuir ou suspender as atividades que causaram a inflamação. O repouso relativo — ou seja, a diminuição da carga sem a total imobilização — é geralmente suficiente para permitir a recuperação inicial.
- Evitar movimentos repetitivos ou esforços intensos
- Adaptar as atividades diárias e profissionais
- Utilizar órteses ou talas, quando indicado, para restringir o movimento da região afetada
6.2. Aplicação de Gelo (Crioterapia)
O uso de compressas frias é um recurso simples, porém eficaz, principalmente nos primeiros dias da inflamação. A crioterapia ajuda a reduzir o inchaço, aliviar a dor e limitar a resposta inflamatória local.
- Aplicar por 15 a 20 minutos, de 2 a 3 vezes ao dia
- Utilizar uma toalha fina entre o gelo e a pele para evitar queimaduras
- Ideal para tendinites agudas ou com sintomas intensos
6.3. Medicamentos Anti-inflamatórios e Analgésicos
O uso de fármacos pode ser necessário para aliviar os sintomas em fases iniciais ou durante crises de dor. Sempre deve ser feito com orientação médica.
- Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como ibuprofeno ou diclofenaco
- Analgésicos simples, como paracetamol, nos casos em que os AINEs são contraindicados
- Em casos específicos, pode-se considerar a infiltração com corticosteroides, embora seu uso deva ser criterioso devido ao risco de enfraquecimento do tendão
6.4. Fisioterapia Especializada

A fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento da tendinite, sendo essencial tanto na fase aguda quanto no processo de reabilitação. O plano terapêutico é elaborado conforme o local da lesão e o grau de comprometimento funcional.
- Técnicas de analgesia: eletroterapia, ultrassom terapêutico, laserterapia
- Alongamentos específicos para o grupo muscular envolvido
- Exercícios de fortalecimento progressivo
- Terapias manuais, como liberação miofascial e mobilizações articulares
- Treinamento de controle motor e correção de movimentos inadequados
6.5. Terapias Complementares
Algumas terapias complementares podem ser utilizadas como adjuvantes ao tratamento convencional, promovendo alívio dos sintomas e acelerando a recuperação.
- Acupuntura: atua na redução da dor e na melhora da circulação local
- Ondas de choque: indicada em casos de tendinite crônica, estimula a regeneração do tecido
- Laser de baixa intensidade: tem efeito anti-inflamatório e analgésico
- Bandagens funcionais (taping): ajudam na estabilização da área afetada e no controle da dor durante o movimento
6.6. Exercícios de Reabilitação e Fortalecimento
Após o controle da dor e da inflamação, é fundamental iniciar um programa de fortalecimento muscular. A recuperação plena do tendão depende da readaptação à carga e da reeducação dos padrões de movimento.
- Exercícios excêntricos (alongamento sob resistência), eficazes especialmente em tendinites crônicas
- Fortalecimento de músculos estabilizadores ao redor da articulação
- Treinamento funcional adaptado às demandas do paciente (esporte, trabalho, rotina doméstica)
6.7. Avaliação Postural e Correção Ergonômica
A postura inadequada e o uso incorreto do corpo em atividades repetitivas estão entre os principais fatores que contribuem para o surgimento da tendinite. Portanto, a correção ergonômica é parte essencial da abordagem terapêutica.
- Avaliação do ambiente de trabalho e atividades diárias
- Ajuste de cadeiras, altura de mesas e monitores
- Orientações de ergonomia para atividades profissionais e domésticas
6.8. Acompanhamento Multidisciplinar
Em muitos casos, o tratamento da tendinite envolve a atuação de diferentes profissionais:
- Ortopedistas: diagnóstico e definição do tratamento clínico
- Fisioterapeutas: reabilitação funcional e prevenção de recaídas
- Educadores físicos: retorno seguro à prática esportiva
- Terapeutas ocupacionais: adaptação de tarefas e melhora da ergonomia
- Nutricionistas: suporte para reduzir processos inflamatórios por meio da alimentação
7. Prevenção da Tendinite
A prevenção da tendinite é uma estratégia fundamental para preservar a saúde dos tendões, evitar dores recorrentes e manter a funcionalidade no trabalho, nas atividades físicas e na vida cotidiana. Adotar hábitos corretos, cuidar da postura e conhecer os limites do próprio corpo são atitudes essenciais para evitar o desenvolvimento dessa condição.
A seguir, apresentamos os principais pilares da prevenção da tendinite, com orientações práticas e acessíveis.
7.1. Prática Regular de Alongamentos
Manter os tendões e músculos flexíveis reduz o risco de sobrecarga e lesões por esforço repetitivo.
- Realizar alongamentos antes e depois de atividades físicas ou laborais
- Incluir exercícios de flexibilidade para todas as articulações utilizadas com frequência
- Evitar movimentos bruscos ou excessivos durante os alongamentos
7.2. Fortalecimento Muscular Gradual

Músculos fortalecidos protegem os tendões e distribuem melhor a carga durante os movimentos, diminuindo a chance de inflamação.
- Incluir exercícios de fortalecimento muscular na rotina semanal
- Dar atenção especial aos músculos estabilizadores das articulações mais exigidas
- Aumentar a intensidade de forma progressiva, respeitando os limites do corpo
7.3. Aquecimento Prévio às Atividades
Preparar o corpo antes de qualquer esforço físico é essencial para prevenir lesões musculotendíneas.
- Realizar aquecimento com movimentos leves e dinâmicos antes de exercícios ou trabalho intenso
- Aquecer especificamente os grupos musculares que serão mais utilizados
- Evitar iniciar atividades físicas sem nenhum preparo prévio
7.4. Postura Correta no Trabalho e em Casa
A má postura é uma das causas mais comuns de sobrecarga tendinosa, especialmente em atividades prolongadas ou repetitivas.
- Manter a coluna ereta ao sentar, com apoio lombar adequado
- Ajustar a altura de cadeiras, mesas e telas de computador
- Evitar inclinar-se ou torcer o corpo de forma inadequada ao levantar objetos
7.5. Pausas Regulares Durante Atividades Repetitivas
A repetição contínua de movimentos, sem intervalos, aumenta o risco de tendinite. Pausas curtas e frequentes ajudam a aliviar a tensão acumulada nos tendões.
- Programar pausas a cada 30 ou 40 minutos de atividade repetitiva
- Durante os intervalos, realizar movimentos leves e alongamentos
- Alternar tarefas quando possível, para reduzir a monotonia muscular
7.6. Ergonomia no Ambiente de Trabalho
Adotar práticas ergonômicas reduz o impacto físico das tarefas diárias e protege os tendões de esforço desnecessário.
- Ajustar o ambiente de trabalho conforme as características físicas do usuário
- Utilizar acessórios ergonômicos, como apoios para punhos e pés, quando necessário
- Investir em cadeiras e mobiliário com suporte adequado à postura
7.7. Uso Correto de Equipamentos e Ferramentas
Ferramentas mal posicionadas ou inadequadas ao tipo de atividade podem forçar tendões e articulações.
- Escolher ferramentas que ofereçam boa pegada e reduzam o esforço manual
- Posicionar equipamentos de forma a evitar movimentos repetitivos ou angulados
- Utilizar técnicas adequadas durante a prática esportiva ou atividades profissionais
7.8. Adaptação Gradual a Novas Atividades
Começar atividades físicas ou profissionais com intensidade elevada pode sobrecarregar tendões ainda não preparados.
- Iniciar qualquer nova atividade com intensidade moderada e aumentar gradualmente
- Respeitar o tempo de adaptação do corpo a novos movimentos ou exercícios
- Procurar orientação de profissionais, como educadores físicos ou fisioterapeutas
7.9. Hidratação e Alimentação Saudável
A saúde dos tendões também está relacionada ao bom funcionamento do organismo como um todo.
- Manter-se bem hidratado ajuda na nutrição e lubrificação dos tecidos
- Incluir alimentos ricos em proteínas, colágeno, vitaminaC e ômega-3
- Evitar o consumo excessivo de alimentos inflamatórios, como açúcares refinados e ultraprocessados
7.10. Atenção aos Primeiros Sinais de Desconforto
Ignorar pequenos incômodos pode levar à progressão da inflamação e ao agravamento da tendinite.
- Observar sinais como dor leve, rigidez ou cansaço localizado
- Reduzir a atividade ao perceber os primeiros sintomas
- Buscar avaliação profissional ao menor sinal de persistência ou agravamento
7.11. Acompanhamento Preventivo com Profissionais de Saúde

A orientação adequada é um fator decisivo na prevenção eficaz de lesões tendinosas.
- Consultar fisioterapeutas para avaliação funcional e orientação postural
- Realizar check-ups médicos periódicos, especialmente em casos de doenças crônicas associadas à tendinite
- Contar com a supervisão de profissionais ao iniciar novos programas de treinamento físico
A Importância da Reabilitação e do Acompanhamento Profissional
Mesmo após a melhora dos sintomas, o processo de reabilitação não deve ser interrompido. A orientação de um fisioterapeuta ou profissional da saúde capacitado é essencial para evitar recaídas.
- Fisioterapia personalizada: Cada caso de tendinite é único e requer um plano individualizado.
- Educação para o autocuidado: O paciente deve aprender a reconhecer os sinais iniciais de sobrecarga e saber como agir.
- Reeducação motora: Ensinar novos padrões de movimento reduz o risco de reincidência.
A tendinite é uma condição que, embora comum, pode impactar significativamente a qualidade de vida se não for tratada de forma adequada. Conhecer seus sintomas, compreender suas causas e adotar hábitos preventivos são passos fundamentais para manter a saúde musculoesquelética em equilíbrio.
Mais do que tratar a dor, é necessário escutar o corpo, ajustar os comportamentos e buscar orientação profissional. Com prevenção, cuidado contínuo e informação de qualidade, é possível viver com mais mobilidade, conforto e saúde.
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